- Carlos Eduardo Casemiro: demonstrando uma forte afetividade com a Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha [uma vez que seus avós foram zeladores desta], Carlos Casemiro falou o quanto a ocupação da Igreja está relacionada a vontade de valorizar determinada narrativa histórica [relacionada a presença negra] que, em certa medida, luta para não ser apagada.
- Rodolfo Amorim: ator do Grupo XIX, Rodolfo apresentou algumas imagens antigas da Vila Maria Zélia - Patrimônio que completará 100 ano em 2017. Discorreu sobre o grupo, afirmando que o “XIX” nasce num contexto de evidência do teatro alternativo. Rodolfo falou ainda da relação do Grupo com diferentes setores: o INSS (instituição que é proprietária de algumas edificações na Vila, entre eles o Armazém que o Grupo XIX vem ocupando há 12 anos), os grupos de moradores da própria vila.
- Pablo Paternostro: partícipe de outras ocupações e coletivos (Cia Porto de Luanda, Ocupação Cultural de Vila Mara, Filhos de Ururai) Paternostro trouxe muito de suas experiências em sua fala. Para as apresentações na Praça do Forró o Coletivo não tem estrutura mínima (banheiros químicos, tomadas) mesmo sendo contemplados em alguns projetos. Além disso, Pablo Paternostro evidenciou algumas questões na relação do grupo com integrantes da Igreja, apontando também o quanto a especulação imobiliária vem minando as iniciativas culturais locais.
- Michele Cavalieri: Michele relatou que no início de 2016 um grupo de ativistas locais ocuparam um espaço abandonado da COHAB (Companhia Metropolitana de Habitação). Michele lembrou que os(as) integrantes deste coletivo trabalham há 10 anos com música e grafite em Itaquera e viram no ocupação daquele galpão abandonado a oportunidade de criarem uma sede.
- Ricardo Etebare: mostrou um vídeo onde está registrada toda a mudança ocasionada pela Okupação C.O.R.A.G.E.M. no espaço da COHAB - que estava abandonado há pelo menos 15 anos.
Ao fim, participaram da discussão, encaminhando perguntas e tecendo comentários, Valquíria Gama, Warlen, Wagner Gama e Julio Marcelino.
Nesse segundo momento do Painel, evidenciou-se a importância de se pensar a relação desses coletivos com órgãos e instituições relacionadas ao espaço ocupado (sejam proprietárias ou não), já que essa relação não é uma regra, isto é, cada grupo/coletivo apresentou uma situação muito especifica, o que acaba impossibilitando uma generalização segura, nesse aspecto. Entretanto, a questão mais potente e presente em todas as ocupações, sejam em patrimônios tombados ou espaços públicos é a de que todos "provocam uma fissura no território", promovem uma relação outra com espaço ocupado, com as pessoas e seu entorno e oferecem outras possibilidades de relação com o poder público e as instituições formais.
Além disso, percebeu-se uma dificuldade relacionada ao financiamento das ações dos diversos grupos/coletivos, apontando, ao final, a necessidade de se pensar diferentes formas de financiamento (editais, parcerias, financiamento privado…) e gestão.
Fotos: Maurício Dias e Diógenes Sousa
Nenhum comentário:
Postar um comentário